martes, 18 de diciembre de 2007

Feições para um retrato,



Na agreste paisagem de dunas
expira a vastidão da savana.
No areal se sepulta o choro do mar
em seu clamor e seu soluço
e a fúria do vento largo
veste de saliva os arbustos sobreviventes.

Mangal de raízes nuas
dói-me o desespero dos teus dedos
ainda longos e cravados à terra.
Na orla do tempo, as aves marinhas
contemplam os despojos com olhos tranquilos
e nos conturbamo-nos à vista
dos despojos e do jeito dos pássaros.

Aqui, só nos vemos
a delgada fímbria do encontro
da morte e da vida
e conturbamo-nos.
E, amando-nos,
avivamos o traço esguio e sinuoso
dessa fímbria de encontro de morte e da vida".


Fernando Couto
Poeta Moçambicano

Premio de mi amiga muy querida, Tia Doc.



Muchas gracias. Me gusta mucho este premio.

domingo, 25 de noviembre de 2007

sábado, 3 de noviembre de 2007

Premio de mi amiga Syri

Este premio me ha sido otorgado por mi amiga Siry, desde sus tierras lejanas.
Gracias Amiga

sábado, 13 de octubre de 2007

ÔDIO Ê PROBEZA








Esta a letra em crioulo de Cabo Verde desta morna tão bonita que estão a ouvir.
Dedico esta morna a todos os Caboverdianos que estão longe da sua terra.


Possode já bai bô ligal
Futur titá esperá frute de bô progrêsse
M'crê sabê qual ê quê causa de bô tristéza
Aô ca bô d'zem qu'inda è revolta que bô tem
Pameca bem sofrê também
Pamô ódie pa mim è pobreza
Esquecéu, que já bai
Pensá no bô terra cretcheu
S'onte mil era triste pamó um cantinha vóz active
Hoje u'uita bem cantá nha morna
Quê pam leva corajá e fé
Riqueza pá nha pove
Riqueza essa q'ca é um soque d'denher
Nem um mina d'or
Sim é mélodia di morna pa mundo inter.





viernes, 12 de octubre de 2007

RUMO


É tempo, companheiro!
Caminhemos ...
Longe, a Terra chama por nós,
e ninguém resiste à voz Da Terra ...
Nela,
O mesmo sol ardente nos queimou
a mesma lua triste nos acariciou,
e se tu és negro e eu sou branco,
a mesma Terra nos gerou!
Vamos, companheiro ...
É tempo!
Que o meu coração
se abra à mágoa das tuas mágoas
e ao prazer dos teus prazeres
Irmão
Que as minhas mãos brancas se estendam
para estreitar com amor as tuas longas mãos negras ...
E o meu suor se junte ao teu suor,
quando rasgarmos os trilhos de um mundo melhor!
Vamos!
Que outro oceano nos inflama ...
Ouves?
É a Terra que nos chama ...
É tempo, companheiro!
Caminhemos …

Alda Lara, poetisa Caboverdiana
Música: Paulino Vieira: Odie è Pobreza

lunes, 8 de octubre de 2007

Rainhas Africanas



Candace de Meroe (Siglo I A.C.)
Uma Candace era uma rainha na civilização Kushita, (como faraó significava rei no Egipto). Estas rainhas sucedem-se durante vários séculos, o que indica que era um termo genérico aplicado a una dinastia de rainhas de Meroe (Etiópia).
Sabe-se que uma Candace parou o Alexandre Magno (356-323 A.C.) no seu avanço pelo vale do Nilo. Uns séculos mais tarde, o nome desta rainha está mencionado nos Factos dos Apostoles (8:27), por Felipe, que viveu no século I; e Estrabão (63 A.C. - 21 D.C..) fala de uma Candace, uma rainha anterior que se sublevou contra os romanos e foi submetida por estes no ano 22 A.C., quando ocuparam a sua capital, Napata; Plinio o Velho (27 A.C. - 63 D.C.) nos informa que quando os exploradores de Nero (37-68) atravessaram a Nubia, esta região era governada por uma rainha Candace, para além da ilha de Meroe, e indica também que este nome era um título comum para todas as rainhas desse país.
Os historiadores testemunham que estas Candaces ocupavam-se da administração civil, dirigiam exércitos, o comercio e as relações diplomáticas. Algumas vezes cita-se a Candace como a rainha mãe, com poder suficiente para ter a última palavra no processo de selecção do faraó.
A mais conhecida destas rainhas foi a Candace Amanishakheto, rainha do reino sudanês de Napta e Meroe, nos tempos do Imperador Augusto, que se nega a submeter-se e assedia as legiões romanas. No ano 20 a.C. faz uma incursão no Egipto, saqueando todas as cidades por onde passa até Elefantina. Arrestada pelas tropas romanas, solicita a paz e volta para o seu reino, que graças ao tratado concluído entre Amanishakheto e o Imperador Augusto, prospera ainda durante mais de duzentos anos.


Uma página da tradução em antigo núbio do Liber Institutionis Michaelis Archangelis, entre os séculos IX e X, encontrado em Qasr Ibrim. O nome do arcanjo São Miguel está inscrito em vermelho.


O antigo núbio é uma língua hoje quase desaparecida, que foi escrita em Núbia entre os séculos VIII e XV a.C. É uma versão antiga das línguas núbias, que ainda se fala em certas regiões. É provavelmente o antepassado directo do Nobiin, uma das línguas de África com uma história escrita de mais de 1000 anos.

domingo, 30 de septiembre de 2007

Reinos africanos Núbia (Sudão)


Pirâmides de Meroé (Sudão)

Ruinas de Meroé (Sudão)


Pirâmides de Meroé

Nagga

Templo de Abu Simbel

Coroa real da Antiga Núbia

A República de Sudão é actualmente o maior Estado do continente africano. Unida geograficamente e historicamente ao Egipto desde a época faraónica, o território sudanês que começa actualmente ao nível da 2º catarata do Nilo, foi centro de culturas importantes na história da humanidade.
Os reinos aparecem a meados do IV milenário a.C. criando o reino de Kerma (2500 - 1500 a.C.), que mantém contactos estreitos com o Egipto, que acomete por vezes ataques contra ele.
De 1500 a 1600 a.C. o Egipto do novo império exerce uma grande influencia sobre o país. A região recobra a sua independência e uma dinastia núbia funda um principado à volta de Napta. No século VIII o rei de Koush anexa o Egipto e proclama-se faraó.
O país de Khoush dos textos faraónicos, expande uma civilização núbia original. Esta dinastia Khousira (XXI dinastia egípcia), reina desde o Mediterrâneo até Meroé, a 280 km de Khartoum (Sudão). Foi destruída pelos Assírios no século VII, formando-se um novo reino de Meroé que é destruído por Ezana, soberano do reino de Aksoum (Etiópia), em 350 a.C.

lunes, 24 de septiembre de 2007

Les feuilles mortes





Chega o Outono e as árvores perdem as folhas. A paisagem torna-se melancólica, com essas cores avermelhadas tão brilhantes, como num último fulgor antes da chegada do inverno, cinzento e frio. É momento para o recolhimento, a intimidade, e a reflexão.
Deixo aqui este lindo poema de Jacques Prévert.

LES FEUILLES MORTES
Oh! je voudrais tant que tu te souviennes
Des jours heureux où nous étions amis
En ce temps-là la vie était plus belle,
Et le soleil plus brûlant qu'aujourd'hui
Les feuilles mortes se ramassent à la pelle
Tu vois, je n'ai pas oublié...
Les feuilles mortes se ramassent à la pelle,
Les souvenirs et les regrets aussi
Et le vent du nord les emporte
Dans la nuit froide de l'oubli.
Tu vois, je n'ai pas oublié
La chanson que tu me chantais.
C'est une chanson qui nous ressemble
Toi, tu m'aimais et je t'aimais
Et nous vivions tous deux ensemble
Toi qui m'aimais, moi qui t'aimais
Mais la vie sépare ceux qui s'aiment
Tout doucement, sans faire de bruit
Et la mer efface sur le sable
Les pas des amants désunis.

Les feuilles mortes se ramassent à la pelle,
Les souvenirs et les regrets aussi
Mais mon amour silencieux et fidèle
Sourit toujours et remercie la vie
Je t'aimais tant, tu étais si jolie,
Comment veux-tu que je t'oublie?
En ce temps-là, la vie était plus belle
Et le soleil plus brûlant qu'aujourd'hui
Tu étais ma plus douce amie
Mais je n'ai que faire des regrets
Et la chanson que tu chantais
Toujours, toujours je l'entendrai!

domingo, 23 de septiembre de 2007

Alteraçao lançamento do livro Versos Nus

O lançamento do livro de Tiago Nené, Versos Nus será no dia 29 de Setembro em Lisboa, no Magnólia café, praça de Londres às 16 horas.

sábado, 22 de septiembre de 2007

PENSAMENTOS AFRICANOS




A pureza do instante está feita pela ausência do tempo.

Cheikh Hamidou Kane


Tudo o que se vê é só a sombra projectada pelas coisas que não vemos

Martin Luther King

Não existe um mestre absoluto,
Sempre somos ao mesmo tempo aluno e mestre.
Porque o mestre ensina aos outros
Mas também aprende dos outros.

Chefe de aldeia Dogom

jueves, 13 de septiembre de 2007

A Crioula




A crioula que meus olhos beijaram a medo

Perdeu-se na confusão de um porto francês

Ela sorria continuamente,

Erguendo no seu riso uma canção extraordinária.

Não foi um romance de amor

Nem mesmo um pequeno segredo entre ambos.

Somente, quando Ela falava ao pé de mim,

Eu sentia um aprazível devaneio

Pela maravilha escultural duma Mulher Perfeita.

Depois,

A Vida separando-nos

A confusão, os ruídos, os braços agitando-se

E o vapor levando para outros mares,

Outros portos,

A graça, o mistério, o perfume e os cantares

Da crioula que meus olhos beijaram a medo

No tombadilho daquele vapor francês.


Luíz Romano (Poeta caboverdiano)


Foto: Ema Pires

Livro de Tiago Nené



O Tiago Nené pediu-me para divulgar que no próximo dia 29 de Setembro, pelas 19.30, no Onda
Jazz, em Lisboa, terá lugar o lançamento de Versos Nus, o seu primeiro livro.
Desejo que tenha muito êxito.

domingo, 9 de septiembre de 2007

VI-TE PASSAR



Vi-te passar, longe de mim, distante,
Como uma estátua de ébano ambulante;
Ias de luto, doce, tutinegra,
E o teu aspecto pesaroso e triste
Prendeu minha alma, sedutora negra;
Depois, cativa de invisível laço,
(o teu encanto, a que ninguém resiste)
Foi-te seguindo o pequenino passo
Até que o vulto gracioso e lindo
Desapareceu, longe de mim, distante,
Como uma estátua de ébano ambulante.

Caetano da Costa Alegre

martes, 4 de septiembre de 2007

Um castelo de conto de fadas








Estive em França, na regiao de Burdeos, neste bonito castelo do século XVII. Um lugar para sonhar e meditar, no meio de um bosque verde ouvindo só cantar os pássaros e as tranquilas águas do rio Dordogne.
Aqui deixo umas fotografias deste lugar de beleza e de paz.

martes, 28 de agosto de 2007

Pensamento do dia


Meus amigos, vou estar ausente durante uns dias, devido ao meu trabalho. Deixo aqui um pensamento. Espero que não me esqueçam, porque eu não vos esqueço meus queridos amigos e amigas encontrados por meio do meu blogue. À minha volta responderei a todos o comentários e até se poder o farei desde o sitio onde vou estar.
Até à volta.



Os que se concentram nos objectos dos sentidos terminam por estarem sujeitos a esses objectos.
Da sujeição nasce o desejo; do desejo nasce a cólera; da cólera nasce a confusão do espírito;
Da confusão do espírito nasce a perda da memória; da perda da memória nasce a perda da inteligência; da perda da inteligência nasce a destruição.


Bhagavad Gita

sábado, 25 de agosto de 2007

PLANETA MARTE


Não percam o espectáculo.

Na noite de 27 de Agosto à volta da meia-noite parecerá que a terra tem duas luas.

Se não o vêem agora nunca mais poderão presenciar este fenómeno. (Ou sim ?)
A próxima vez que o Planeta Marte se aproximará tanto à terra será no ano 2287. (Calculem a idade que terao em 2287).

Marte é o quarto planeta mais próximo do Sol e o sétimo em tamanho com um diâmetro de 6.794 quilómetros.

CERTIFICADO

Este prémio foi-me atribuido pela minha amiga Gasolina.
Fico comovida por tanta gentileza. Obrigada amiga de fogo.

Dedico também este certificado aos magníficos blogues seguintes:

Alcobaça Ecos e Comentarios

Cantares de amigo

Catinu

O Cartel

Ao (es)correr da pena




jueves, 23 de agosto de 2007

Sonho de mãe negra



Mãe negra

Embala o seu filho

E na sua cabeça negra

Coberta de cabelos negros

Ela guarda sonhos maravilhosos


Mãe negra

Embala o seu filho

E esquece

Que o milho já a terra secou

Que o amendoim ontem acabou

Ela sonha mundos maravilhosos

Onde o seu filho iria á escola

Á escola onde estudam os homens


Mãe negra

Embala o seu filho

E esquece

Os seus irmãos construindo vilas e cidades

Cimentando-as com o seu sangue

Ela sonha mundos maravilhosos

Onde o seu filho correria na estrada

Na estrada onde passam os homens


Mãe negra

Embala o seu filho

E escutando

A voz que vem de longe

Trazida pelos ventos

Ela sonha mundos maravilhosos

Mundos maravilhosos

Onde o seu filho poderá viver.

Autor: Kalungano (Pseudónimo de Marcelino dos Santos)

Moçambique

martes, 21 de agosto de 2007

Pensamento do dia


Una injusticia cometida en algún sitio es una amenaza para la justicia en el mundo.

Martin Luther King


É mais fácil desintegrar um átomo do que um prejuízo.

Albert Einstein

(música: Lambarena - Bach to Africa)

domingo, 19 de agosto de 2007

Chuva de Estrelas


As lágrimas de estrelas nunca se secam,

Escorregam sem fim no espaço.


Hoje apetece-me sonhar com as estrelas.
Por estas datas vêm-se muitas estrelas-cadentes e quero deixar aqui este pequeno recordatório para quem quiser olhar para o céu nestes momentos.
As estrelas-cadentes que se podem ver, desde 17 de Julho até 24 de Agosto, chamam-se Perseidas, ou Lágrimas de São Lourenço.
Perseidas porque se vêm na região da Constelação de Perseus, que se levanta no céu a Nordeste, e Lágrimas de São Lourenço porque na época medieval e no Renascimento, as Perseidas foram associadas às lágrimas desse santo quando foi queimado na fogueira, no dia 10 de Agosto.
Por um momento, esqueçamos os problemas para olhar para o céu e sonhar. Tudo à nossa volta se torna mais insignificante. Nós somos insignificantes perante tal imensidade. Passei noites no deserto a olhar para o céu numa noite estrelada; alias aí todas as noites são estreladas, e tomei consciência da minha pequenez e um banho de humildade.

viernes, 17 de agosto de 2007

Mon bien-aimé a une gazelle


Pour un ami qui a pris cette instantanée devant chez lui dans la belle région de la Dordogne et qui a eu la gentillesse de me l'envoyer.


Avant que souffle la brise du jour et que s'enfuient les ombres, reviens...!

Sois semblable mon bien-aimé à une gazelle, à un jeune faon sur les montagnes du Bétèr.


Cantique des antiques

CT 2:17

miércoles, 15 de agosto de 2007

Mané Fú


Mané Fú
Louco que povoou a minha infância
Que contava histórias maravilhosas
Histórias de Branca Flor
De bruxas e de princesas
Mané Fú
Mané de Deus
Que tinha o corpo todo preto
Mas as palmas das mãos brancas
Porque as sextas-feiras subia aos céus
E ia banhar os anjos
Mané Fú
Mané de Deus
Outras histórias me empolgam hoje
Histórias de crianças famintas
(Lembro-me do filho da Violante
Que comia a cal das paredes)
Histórias de velhos abandonados
(Como aquele que morreu a chorar
No Pavilhão de Alienados
E não era doido)
Histórias de prostitutas
(Ah! humilhadas amigas)
Histórias tristes nunca divulgadas
Virgílio Pires (poeta de Cabo Verde)

martes, 31 de julio de 2007

La posesión del vacío




Como un pájaro migratorio perdido
Que contempla extrañado el inmenso azul tenebroso
Camino desligado de los juramentos de la fortuna
Hacia el invulnerable destino soterrar mis amores
En las capas mórbidas de la tierra de exilio
Ruidos de osamentas lágrimas de dolor
Gritos de espanto y canciones fúnebres
Por el camino solitario de mi oscuro viaje
Por el país de la eternidad. La luna horrible
Me lanza una mirada indolente y temblorosa
Cuando se desliza en mí la esperanza como un veneno

(Kama Kamanda. Luebo, Congo Democrático, 1952)

martes, 24 de julio de 2007

CUÉNTAME


Cuéntame
La palabra del Griot
Que canta el Africa
De los tiempos inmemoriales
Él habla
De esos pacientes reyes
Sobre las cimas del silencio
Y de la belleza de los viejos
Con abatidas sonrisas
El pasado rememorado
Desde el fondo de mi memoria
Como una serpiente tótem
Enredada a mis tobillos
Mi soledad
Y mis esperanzas rotas
Qué daré a mis hijos
Si he perdido sus almas?
(Véronique Tadjo. Costa de Marfil)

domingo, 22 de julio de 2007

TESTAMENTO PARA O DIA CLARO


Quando do fundo da noite vier o eco da última palavra submissa
E a patina do tempo cobrir a moldura do herói derradeiro,
Quando o fumo do último ovo de cianeto
Se dissipar na atmosfera de gases rarefeitos
E a chama da vela da esperança
Se acender em sol na madrugada do novo dia

Quando só restar na franja da memória
Lapidada pelo buril dos tempos ácidos
A estria da amargura inconsequente
E a palavra da boca dos profetas
Não ricochetear no muro do concreto
Da negrura sem fundo de um poço submerso
Sejais vós ao menos infância renovada da minha vida
A colher uma a uma as pétalas dispersas
Da grinalda dos sonhos interditos.

Arnaldo França (poeta cabo verdiano)

jueves, 19 de julio de 2007

Tus manos


Tus manos
Tus manos llamean
Bailan y ondulan
Llamas de lumbre de leña
Tus manos crepitan
Bailan y suben
Iluminan
El espacio abierto e infinito
Bailan en la inmensidad
De la noche
Destellos de lumbre de leña
Ellas suben
Fuegos fatuos
Ellas caminan
Fuego del día
Ellas abrazan
La tierra el agua
El cielo entero
Fuego del día y de la noche
Tus manos corren vuelan
Sobrevuelan el mapa brumoso
Que flamea y se ilumina
Tus manos alumbran la vida
Tus manos matan la muerte...

(Tonella Boni. Abiyán, Costa de Marfil, 1954)

Premio Excelência

Apesar de novata nestas lides da blogosfera, foi-me outorgado por Ecos e Comentarios, o Prémio “Blog ‘momentUS de Excelência”: Como foi dito noutros lugares: Este prémio se atribui pelas palavras, pela música, pelas reflexões, pelas imagens, pelos desafios, pela solidariedade, pela vida partilhada[…] Este MomentUs de Excelência, atribuirei a alguns desses meus queridos (as) amigos (as), que de uma forma ou de outra me proporcionaram belos momentos de Excelência, alguns deles são:





sábado, 14 de julio de 2007

NOITE AFRICANA


NOITE
Noites africanas langorosas,
esbatidas em luares,
perdidas em mistérios.
Há cantos de tungurúluas pelos ares!
Noites africanas endoidadas,
Onde o barulhento frenesi das batucadas,
Põe tremores nas folhas dos cajueiros.

Noites africanas tenebrosas,
Povoadas de fantasmas e de medos,
Povoadas das histórias de feiticeiros
Que as amas-secas pretas contavam aos meninos brancos.
E os meninos brancos cresceram, e esqueceram as histórias.
Por isso as noites são tristes.
Endoidadas, tenebrosas, langorosas, mas tristes
Como o rosto gretado, e sulcado de rugas, das velhas pretas
Como o olhar cansado dos colonos,
Como a solidão das terras enormes mas desabitadas.
É que os meninos brancos, esqueceram as histórias,
Com que as amas-secas pretas os adormeciam,
Nas longas noites africanas.
Os meninos-brancos esqueceram!

(Alda Lara)

viernes, 13 de julio de 2007

Pensamentos


Deveriam fecharnos na felicidade sem nos darem as chaves.

--------

O amor livre é só para alguns presos.

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O frio da solidão pode vir de mãos muito apaixonadas


(Némer Ibn el Barud)


lunes, 9 de julio de 2007

"NÃO MATARAS"!

"Não Matarás"! As outras formas não as imaginou Deus.

Nemer Ibn El Barud

sábado, 7 de julio de 2007

ONDA


Hoje queria ser onda,

Bater na areia com força,

Desfazer-me em espuma branca.

viernes, 6 de julio de 2007

Viagem na noite longa


Na noite longa
Minha alma
Chora sua fome de séculos.

Meus olhos crescem
E choram famintos de eternidade
Até serem duas estrelas
Brilhantes no céu imenso.

E o infinito se detém em mim.

Na noite longa
Uma remotíssima nostalgia
Ajuda a minha alma
E eu choro marítimas lágrimas
Enquanto no meu desejo heróico
De engolir os céus
Se alarga e já cai.

Tenho então
A sensação esparsamente longa
De vogar no absoluto.

Mário Fonseca (poeta e escritor cabo-verdiano)

martes, 3 de julio de 2007

Conciencia


La voz humana nunca podrá cubrir la misma distancia

que la pequeña y silenciosa voz de la conciencia.


(Gandhi)

lunes, 2 de julio de 2007

Diferença


A mulher deve fitar o seu desenvolvimento pessoal,
e a sua dignidade em função dos recursos da sua feminilidade.
Ser igual não significa ser idêntico.
A noção de igualdade é uma noção ética,
é uma exigência moral que nasce da existência das diferenças.
Mas é na diferença que se funda a própria noção de igualdade.

Albertine Tshibilondi Ngoyi

domingo, 1 de julio de 2007

Um grande músico desconhecido, Joseph de Saint-George, chamado "O Mozart preto"



Hoje vou deixar aqui uma postagem sobre um grande músico preto, Joseph de Bologne, conhecido como Chevalier de Saint-George. (A música que se está a ouvir é um trecho do quarteto de cordas escrito por este grande músico). Espero ter despertado a vossa curiosidade sobre este personagem e que tenham vontade de descobrir a sua música.

Saint-George (1745 – 1799) foi uma personalidade fora do comum no mundo da música clássica. Foi um músico e compositor de talento, um dos melhores esgrimistas de Europa e um coronel heróico da Revolução Francesa.
Joseph, era filho de George de Bologne de Saint-George, um rico fazendeiro das Antilhas e de Anne, uma jovem escrava de 17 anos nascida na ilha de Gaudeloupe.
O pai de Joseph dá-lhe uma educação digna de qualquer filho de fidalgo. Ensina-lhe música e esgrima.
Em 1753 a família volta para França onde o pai toma posse do cargo de gentil-homem da câmara do rei.
Em 1756 Joseph é admitido na academia de esgrima, um colégio de elite, onde os alunos assistem a cursos de matemáticas, história, línguas, música, desenho e dança. Sempre com o problema cada ano de não voltar a ser admitido, devido ao racismo que impera em França.
Foi graças às influências do pai, que Joseph pode continuar os seus estudos e também entrar na Academia Real de Música do Rei.
Em 1776, tem que abandonar a academia, onde o designaram director, devido a uma petição de umas cantoras que diziam que "A sua honra e a delicadeza da sua consciência não lhes permitiam estar submetidas às ordens de um mulato".
Esta petição põe fim às aspirações de Saint-George para ser director desta grande instituição, a mais prestigiosa de França.

Entre tanto novas medidas raciais são tomadas em França, chegando-se a proibir os casamentos inter-raciais.

Saint-George vai ser chamado para dirigir o teatro da marquesa de Montesson, esposa de Louis Philippe, duque d'Orléans.
Aí representa a sua primeira comédia musical, Ernestine, para a qual só escreve a música.
Ao longo da sua vida compõe uma sonata para flauta e harpa, várias sinfonias, concertos para violino e quartetos para cordas. Ele e Gossec estão entre os melhores compositores franceses de quartetos para cordas.

Algumas vezes deu-se a este músico o nome de "Mozart preto", um nome que rechaça Dominique René de Lerma, especialista das obras de Joseph de Bologne e professor no departamento de música da Lawrence University, Wisconsin.
"Porque não fazer total abstracção das considerações sobre a cor da pele? Devido que Saint Georges teve uma influência sobre a música de Mozart, e porque não se chamou o Mozart o "Saint-George Branco?".

Na Revolução francesa, permitem-lhe conduzir uma brigada de africanos, conhecida como a Legião Saint-George.
Um dos chefes de esquadrão desta companhia ia ilustrar-se mais tarde nos exércitos da Revolução: Alexandre Dumas, cujo filho foi o célebre escritor e autor dos "Três Mosqueteiros". O pai, o General Dumas, nascido em Jérémie na ilha de Saint Dominique, como Saint George, era filho de uma escrava preta, Césette Dumas e de um nobre arruinado, o marquês de Davy de la Pailleterie, proprietário de uma modesta fazenda.

RACISMO E ESCRAVIDÃO

Voltaire, filósofo do "Século das Luzes" escrevia: "Os africanos e os seus descendentes são geneticamente inferiores aos europeus brancos".
Noutro momento, depois da representação da Ópera "La fille du Garçon", a maioria dos jornais incensam Saint-George e a sua música e não a letra de Antoine Eve. O barão Melchior, influenciado pelas ideias racistas de Voltaire põe em dúvida o talento inovador de Joseph, dizendo que "toca bastante bem o violino, mas não tem espírito criativo, já que seria contrário à natureza que o tivesse. Esta obra é certamente a melhor do Sr. Saint-George, mas também aparece desprovida de invenção. Isto recorda uma observação que ainda não se pode desmentir, e é que se a natureza serviu de um modo particular os mulatos dando-lhes uma grande capacidade para exercer todas as artes de imitação, não lhes deu esse ímpeto do sentimento e do talento que produz ideias novas e criações originais".

A Convenção abole a escravatura nas colónias francesas em 1794.
O ideal de igualdade para o qual Saint-George e os seus voluntários pretos combateram é rapidamente ignorado. Napoleão Bonaparte envia as suas tropas a Guadeloupe e Saint Domingue para restabelecer a escravidão.
Todos os que se consideravam como homens livres sublevam-se, mas a 28 de Maio de 1802 são vencidos e executados.
A abolição da escravidão só será efectiva em 1848.
No entanto, os africanos que vivem em França são descriminados. A 29 de Maio um decreto oficial afasta todos os oficiais pretos e mulatos do exército, o que põe fim à brilhante carreira do general Alexandre Dumas.

É de deplorar que os "manuais de história" digam tão pouco do Chevalier de Saint-George ou do milhão de escravos deportados para as Antilhas francesas, enquanto o Sr. Voltaire é honrado como um dos mais brilhantes humanistas e Napoleão como o mais glorioso homem de Estado.

Saint-George foi ainda o primeiro franco-mação preto de França, iniciado na loja do Grande Oriente de França "Loja das Nove Irmãs".

viernes, 29 de junio de 2007

O meu hobby preferido: a Dansa oriental



Raks Sharki (Dança oriental)

Como é uma das coisas que eu adoro particularmente e que pratico, vou deixar aqui uma pequena postagem sobre esta arte.
Existem testemunhas escritas de descrições de bailes de Oriente Médio que datam de uns 500 anos, que parecem detalhar os mesmos passos que na actualidade. Antes disso? Os arcos, infinitos e espirais desenhados com o torso e as extremidades (movimentos básicos da dança oriental), estão sugeridos nas figuras humanas pintadas em restos de cerâmica antiga, que datam de 6.000 anos. Nas tumbas de Saqquara existem lindas imagens de bailarinas. Na Grécia antiga proliferam vestígios do que parece que foi uma grande diversidade de danças. A Ilíada descreve uma dança circular acompanhada por músicos.
Enquanto as religiões foram politeístas, a dança associava-se com a vida. Mas esta visão muda com a chegada do cristianismo.
A dança oriental chega até nós como um legado dos bailes mais antigos do mundo. Alguns investigadores relacionam a dança oriental com os ritos religiosos pré-históricos, cerimónias para propiciar a fertilidade dos campos e das pessoas.
Durante séculos as mulheres bailaram com os movimentos naturais da dança oriental. Na actualidade muitas praticam esta dança milenária, para se sentirem bem, porque expressa como nenhuma a "essência de ser mulher", e é essencialmente feminina. Bailar a dança oriental é conectar com os primordiais arquétipos femininos. Quando nos deixamos levar pela música, é fácil entrar num estado de irmandade com o universo e sentir que se transcende o tempo e o espaço, como se o nosso próprio corpo fosse uma extensão dos ritmos e melodias. Aproxima-nos à deusa que cada uma de nós leva no seu interior e ajuda também a ter maior consciência do nosso próprio corpo.
Como nos ritos pré-históricos de fertilidade, a dança descobre-nos essa parte sagrada de nós próprias, em que convivem o desejo, o afecto, o erotismo e a espiritualidade. Os movimentos circulares ou em espiral podem renovar a nossa conexão com a natureza.
No entanto, a dança oriental cria corpos terreais e fortes, porque desenvolve e fortifica os músculos e por outra parte aumenta a capacidade de coordenação da mente com o movimento; desbloqueia-se o corpo e as inibições; o corpo volta-se mais receptivo e sensível.
Existe uma grande variedade de passos, mas o que eu prefiro é o Infinito, que corresponde a desenhar círculos ou "8" com as ancas, ao som de uma música lenta. É extremamente sensual. Aconselho às minhas amigas blogueiras que o intentem. Podem começar simplesmente por um deslocamento lateral das ancas e depois intentem fazer Infinitos. Contem-me depois como foi, tá bem?
Deixo aqui umas fotografias do último espectáculo que demos com as alunas da classe de baile. Tem sempre um grande êxito e muitos aplausos. É verdade que as cores dos trajes, os brilhos, o som dos lenços com medalhas que levamos à volta das ancas e os movimentos atraem muito a atenção.
Animo todas as mulheres, seja qual seja a sua idade, gordinhas e magrinhas, a praticar esta dança.
(Adivinharam quem sou eu? Sou a que está de vermelho).