domingo, 21 de septiembre de 2008

Os Dogon e a Astronomia






Os Dogom formam um povo emblemático pelo mistério em que estão envolvidos. No século XIV expulsaram os Tellem para ocupar o seu território. Vivem encravados numa região rochosa do centro do Mali, entre planície e planalto, pendurada no penhasco de Bandiagara, cuja altura varia entre quatro setecentos metros e que se estende numa extensão de mais de duzentos e cinquenta quilómetros. Substituído os Tellem, habitantes trogloditas dos primeiros tempos, os Dogon vêm do país mandinga, a cavalo na fronteira do Burkina Faso e do Mali. Emigrantes e conquistadores, instalaram-se nos abrigos rochosos dos seus predecessores, construindo as suas características aldeias em banco pontuados pelos celeiros de milho com tecto pontiagudo.
Existe uma coerência pouco comum entre a linguagem, a música, a arquitectura, a tecelagem e as máscaras, a música, a dança, a arquitectura, o comportamento dos vivos e o culto dos mortos. Misturam-se pouco com os outros povos do Mali. No entanto, como para muitos grupos do país, a dança e música e a dança religiosa dos Dogon parecem estar ligadas a um calendário sazonal durante o qual são praticados os ritos dos antepassados, os ritos funerários e os ritos agrários.

A astronomia e os Dogon


Os Dogon têm uma mitologia tão rica como complexa. As suas legendas contêm conhecimentos astronómicos que não puderam conseguir por si próprios. Isto é para a ciência um enigma que não é incapaz de explicar, e que escapa às soluções convencionais. A sabedoria deste povo contém dados precisos e detalhados sobre o sistema solar, que em muitos casos só entraram a formar parte da astronomia moderna bastante recentemente: descrevem a Lua como "seca e estéril", sabem que o planeta Júpiter (que chamam "Dana Tolo") tem quatro grandes satélites, conhecem os anéis de Saturno, e que os planetas descrevem órbitas elípticas à volta do Sol.
Esta noção de que os corpos celestes seguem órbitas elípticas à volta de um astro principal que se situa num dos focos só foi aceite pela astronomia ocidental a partir de Kepler, no século XVII. Também descrevem a Via Láctea como uma galáxia espiral formada por milhões de estrelas.Também se referem à natureza do Sol. Dizem que o nosso sol e a estrela Sírio essa estrela de primeira magnitude, a mais brilhante do hemisfério Sul, em realidade são dois sóis irmãos que se separaram um do outro e formaram-se dois sistemas estelares diferentes, mas que têm a mesma origem. É preciso indicar que a estrela Sírio está a 8'7 anos luz do Sistema Solar, uma das cinco estrelas mais próximas do sistema solar.Mas os conceitos fundamentais dos mitos Dogon não se referem só ao sistema solar. Os Dogon asseguravam conhecer a existência de uma estrela (Sírio B) que é impossível de ver a olho nu. Para eles é a mais importante do firmamento e gira à volta de Sírio A, a mais brilhante do céu na Constelação Can Maior. Ambas as estrelas, só oferecem à vista um único e potente foco de luz no firmamento, pelo que é impossível distinguir uma estrela da outra.
Assim que os Dogon conheciam Sírio B, sendo conscientes de que era invisível. Os desenhos representativos que fazem da órbita de Sirio B, à volta de Sírio A, são exactamente idênticos aos do moderno diagrama astronómico. Também asseguram que Sirio B, é uma estrela muito pequena. Chamam-na "Po Tolo". Afirmam também que apesar de ser muito pequena, é muito pesada, a más pesada que existe, constituída por um material mais brilhante do que o ferro, que denominam "Sagala". A astronomia oficial sabe que Sírio B é uma "anã branca", uma estrela muito pequena e muito pesada.De acordo com a sua mitologia, "Po Tolo" dá uma volta a Sírio cada 50 aos (segundo a ciência oficial os cálculos dão 50,040 anos), mas também dizem que além de "Po Tolo", a companheira de Sírio, existe outra estrela que é 4 vezes maior que "Po Tolo" mas muito mais ligeira em peso e que tem uma órbita mais exterior e que dura também 50 anos em dar a volta a Sírio, e que os Dogon chamam "Emme Ya"; (pela primeira vez, em 1862, o astrónomo americano Alvan Clark conseguiu ver que estrela de Sírio não era só uma, senão duas estrelas. Com um objectivo de 47 cm. de diâmetro pode distinguir a que foi conhecida nesse momento como Sírio B. Posteriormente, numa época muito mais recente, detectou-se a existência de uma terceira estrela que completava o sistema de Sírio, Sirio C, a "Emme Ya" dos Dogon).

A festa mais importante dos Dogon é o Sigui, que tem lugar cada 50 anos (tempo de rotação da Po Tolo à volta de Sírio) e dura 7 anos. As próximas terão lugar em 2027. Trata-se de um importante ritual de regeneração e que comemora a revelação da palavra aos homens, assim como a morte e o funeral do primeiro antepassado.

miércoles, 3 de septiembre de 2008

A Poesia africana

A poesia africana conseguiu ao longo dos séculos um alto grau estético. Estudiosos de todo o mundo estão de acordo em a considerar das mais elaboradas e elevadas dos povos agrafos. Tem uma enorme diversidade de estilos, embora com um conjunto de rasgos, comuns a todas as literaturas orais do continente, certamente devido às trocas culturais. Entre eles, a construção minuciosa da história, o papel medianeiro que têm as cantigas entre os textos em prosa, certas fórmulas fixas para dar início e concluir a narração, e a noite com a sua atmosfera especial para contar, recitar poemas e cantar. A rima quase não existe nos textos dos povos da África tropical. No entanto as culturas influenciadas pelo Islão, como os Somalis e os Swahalis da África oriental, os Fabilia de Argélia e os Peuis do Sudão, têm rimas muito ricas, devido à influência estilística da poesia árabe clássica.
A poesia tradicional de África inspira-se da vida quotidiana e das forças superiores que regem o mundo, a natureza, os animais e o homem. É uma poesia que de alguma maneira tem um carácter sagrado e que tem o seu espaço durante os ritos religiosos, nas cerimónias das sociedades secretas e no o culto dos mortos. Este tipo de poesia sagrada representa em certos aspectos a coluna vertebral do ser interior do homem africano, já que leva à meditação cosmogónica e filosóficas sobre a vida, o amor espiritual e a morte.
Sobre a morte, há um esplêndido poema Kuba, (povo do Congo Central também conhecido como Bakuba, muito apreciado pela sua arte), que sintetiza esse concepção dos povos africanos sobre a vida e a morte:



Não há agulha sem ponta penetrante
Não há navalha sem lâmina afiada
A morte vem até nós de muitas formas.
Com os nossos pés pisamos a terra da gazela
Com as nossas mãos tocamos o céu de Deus
Algum dia futuro, no calor do meio-dia,
serei levado em ombros através do país dos mortos.
Quando morrer, não me enterrem debaixo das árvores do bosque,
porque temo as suas espinhas.
Quando morrer, não me enterrem debaixo das árvores do bosque,
porque temo a água que goteia.
Enterrem-me debaixo das grandes árvores umbrosas do mercado
Quero ouvir os tambores a tocar
Quero sentir os pés dos que dançam.