





Existe uma coerência pouco comum entre a linguagem, a música, a arquitectura, a tecelagem e as máscaras, a música, a dança, a arquitectura, o comportamento dos vivos e o culto dos mortos. Misturam-se pouco com os outros povos do Mali. No entanto, como para muitos grupos do país, a dança e música e a dança religiosa dos Dogon parecem estar ligadas a um calendário sazonal durante o qual são praticados os ritos dos antepassados, os ritos funerários e os ritos agrários.

A astronomia e os Dogon

Os Dogon têm uma mitologia tão rica como complexa. As suas legendas contêm conhecimentos astronómicos que não puderam conseguir por si próprios. Isto é para a ciência um enigma que não é incapaz de explicar, e que escapa às soluções convencionais. A sabedoria deste povo contém dados precisos e detalhados sobre o sistema solar, que em muitos casos só entraram a formar parte da astronomia moderna bastante recentemente: descrevem a Lua como "seca e estéril", sabem que o planeta Júpiter (que chamam "Dana Tolo") tem quatro grandes satélites, conhecem os anéis de Saturno, e que os planetas descrevem órbitas elípticas à volta do Sol.
Esta noção de que os corpos celestes seguem órbitas elípticas à volta de um astro principal que se situa num dos focos só foi aceite pela astronomia ocidental a partir de Kepler, no século XVII. Também descrevem a Via Láctea como uma galáxia espiral formada por milhões de estrelas.Também se referem à natureza do Sol. Dizem que o nosso sol e a estrela Sírio essa estrela de primeira magnitude, a mais brilhante do hemisfério Sul, em realidade são dois sóis irmãos que se separaram um do outro e formaram-se dois sistemas estelares diferentes, mas que têm a mesma origem. É preciso indicar que a estrela Sírio está a 8'7 anos luz do Sistema Solar, uma das cinco estrelas mais próximas do sistema solar.Mas os conceitos fundamentais dos mitos Dogon não se referem só ao sistema solar. Os Dogon asseguravam conhecer a existência de uma estrela (Sírio B) que é impossível de ver a olho nu. Para eles é a mais importante do firmamento e gira à volta de Sírio A, a mais brilhante do céu na Constelação Can Maior. Ambas as estrelas, só oferecem à vista um único e potente foco de luz no firmamento, pelo que é impossível distinguir uma estrela da outra.
Assim que os Dogon conheciam Sírio B, sendo conscientes de que era invisível. Os desenhos representativos que fazem da órbita de Sirio B, à volta de Sírio A, são exactamente idênticos aos do moderno diagrama astronómico. Também asseguram que Sirio B, é uma estrela muito pequena. Chamam-na "Po Tolo". Afirmam também que apesar de ser muito pequena, é muito pesada, a más pesada que existe, constituída por um material mais brilhante do que o ferro, que denominam "Sagala". A astronomia oficial sabe que Sírio B é uma "anã branca", uma estrela muito pequena e muito pesada.De acordo com a sua mitologia, "Po Tolo" dá uma volta a Sírio cada 50 aos (segundo a ciência oficial os cálculos dão 50,040 anos), mas também dizem que além de "Po Tolo", a companheira de Sírio, existe outra estrela que é 4 vezes maior que "Po Tolo" mas muito mais ligeira em peso e que tem uma órbita mais exterior e que dura também 50 anos em dar a volta a Sírio, e que os Dogon chamam "Emme Ya"; (pela primeira vez, em 1862, o astrónomo americano Alvan Clark conseguiu ver que estrela de Sírio não era só uma, senão duas estrelas. Com um objectivo de 47 cm. de diâmetro pode distinguir a que foi conhecida nesse momento como Sírio B. Posteriormente, numa época muito mais recente, detectou-se a existência de uma terceira estrela que completava o sistema de Sírio, Sirio C, a "Emme Ya" dos Dogon).

A festa mais importante dos Dogon é o Sigui, que tem lugar cada 50 anos (tempo de rotação da Po Tolo à volta de Sírio) e dura 7 anos. As próximas terão lugar em 2027. Trata-se de um importante ritual de regeneração e que comemora a revelação da palavra aos homens, assim como a morte e o funeral do primeiro antepassado.
