Encontrei este poeta angolano visitando o seu bloguehttp://poesiangolana.blogspot.com/
Pessoalmente adorei percorrer o blogue e espero que gostem desta poesia que de lá tirei com a autorização do autor.
Era o tempo em que as acácias floriam
garridas cabeleiras sobre as longas avenidas da cidade
e havia a liberdade a despontar no céu da madrugada...
Eu trazia o tempo da nudez no chão da alma
e pisava o ventre da terra com a pureza do coração.
Minhas imbambas eram ventos do leste e sementes
armazenadas nos tijolos da liberdade e construção
do país novo a construir de mãos dadas com o povo...
e agora, aqui nestes corredores frios de civilização,
já não sei andar minha nudez com o chão da alma
sobre o ventre quente da terra rubra-negra.
Doem-me os pés se andar descalço! Civilizei-me!– Dizem! –
Civilizei-me no calçar de sapatos apertados
made somewhere in Global City e fabricados
por mãos humanas pagas com salários de coisa nenhuma.
Os pés da nudez, pedúculos de inocência e liberdade,
perdi-os, troquei-os por todas estas materialidades
que supostamente me deveriam fazer feliz...
Poderá a chuva – riso de Ombera – trazer de novo
a verdade nua de sentir a terra e o pó vermelho
dos caminhos a pintar telas, a tilintar horizontes?
Oh, meu povo Mukubal, guerreiros de liberdade!
emprestai-me vossos velhos nonkakos, como aqueles
que usei nos tempos de minha juventude...
sujos e gastos e cobertos com pó-vida do deserto.
Namibiano Ferreira
pseudónimo de João José Ferreira
Poeta angolano nascido em Namibe.
9 comentarios:
Si, es un verdadero hallazgo esta poesía que compartes.
Un abrazo,
olá Ema,
é muito bonito este poema. Retive algumas ideias mas destaco esta: " pintar telas, a tilintar horizontes". De facto a arte tem a possibilidade de por a descoberto normalmente aquilo que não se vê mas sonha-se. Sem ela, e a possibilidade que nos dá para sonhar possivelmente o mundo seria mais enfadonho.
Bjs.
Ema, muito obrigado pela homenagem. Uma pequenissima rectificacao, nao sou "Poeta angolano nascido em Namibia" mas e Namibe,provincia do sul de Angola.
Kandandu (abracos)
Amiga Catalina,
Si quieres leer más poesías de Namibiano, entra en su blog que es muy bonito.
Gracias por tu visita.
Un abrazo
Olá António,
Todo este poema é lindo, gosto muito do começo onde fala das acácias como garridas cabeleiras sobre as longas avenidas da cidade...
É exactamente assim que sao, garridas tocadas pelo sol africano.
Beijinhos
Amigo Namibiano,
Foi um prazer dar com o seu blog e os seus poemas.
Peço desculpa pelo o erro que já está corrigido.
Um abraço
Como moçambicana, adorei r fez-me lembrar, saudosamente, as acácias da minha rua .Um bj grande e Kanimambo graça
Obrigada pela sua visita.
Kanimambo
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