Nesta série sobre vulcões, não podia faltar o vulcão do Fogo. Este é o meu preferido e o que conheço melhor por lá ter estado muitas vezes. É para mim um lugar absolutamente mágico. A última erupçao teve lugar em Abril de 1995.
A ilha do Fogo é toda ela um enorme estratovulcão, cónico de ladeiras íngremes que culmina a 2.829 m por cima do nível do mar, isto é, a uns 8000 m por cima do fundo oceânico.
Mas não foi sempre assim. Durante várias dezenas de milhares de anos, a ilha vulcão, que era então um vulcão-escudo, culminava a 3.500 ou 4.000 m de altitude. Há mais de 10.000 anos, após a queda de uma gigantesca câmara magmática ou a criação de grandes fracturas Norte-Sul e a multiplicação dos dykes de alimentação deste estratovulcão, ou com a variação do nível do mar, ou tudo junto, um enorme volume de materiais colapsou e caiu no mar para Leste. Isto deve ter provocado tsunamis. Ficou uma enorme caldeira aberta para o mar de uns 10 km de diâmetro. Do vulcão primitivo permanece actualmente na caldeira um pequeno pico chamado Monte Amarelo. A pouco e pouco apareceu um novo sistema vulcánico: o Chã das Caldeiras actual. O Pico do Fogo é o cone mais importante.
Uma falésia em meio círculo de 800 a 1.000 m altura e de 20 km de comprimento, a Bordeira; um cone perfeito ladeado de vulcões adventivos; uma planície negra com vários picos vulcânicos, fumarolas, campos de lavas torcidas, vides, que dão o famoso Vinho do Fogo, campos e duas minúsculas aldeias (Portela e Bangaeira), num cenário negro, mágico e magnífico.