miércoles, 30 de julio de 2008

Proverbios



Quando não existem inimigos interiores
Os inimigos exteriores não nos podem ferir
(Provérbio africano)



Mesmo a melhor das cobras é uma cobra.
(Provérbio árabe)

jueves, 24 de julio de 2008

Poema bambara (Mali)



En un largo poema "Monzón y el rey de Kore", que narra la epopeya de Segú, perteneciente a los Bambara de Malí, hay un fragmento hermoso de amor femenino:

¿Cuántas mujeres enamoradas han desafiado
las tinieblas de la noche, y marchando contra sus deberes,

arrastrando su honor por el barro,

han ido a buscar al hombre de su alma,

el que ellas hubieran querido desposar?
No soy sino una más.
Vengo sin vergüenza a golpear en la puerta de tu corazón.

Ábrela para que yo entre, o hazme apuñalar

Para al menos morir entre tus brazos.

jueves, 17 de julio de 2008

Formas musicais de Cabo Verde

Cabo Verde, ao longo da sua história, elaborou uma música tradicional de uma surpreendente vitalidade, recebendo, mesclando, transformando e recriando elementos de outras latitudes, que acabaram por dar origem a géneros fortemente caracterizados e enraizados no seu universo. Os ritmos assim nascidos traduzem toda a idiossincrasia deste povo e constituem, antes de mais, verdadeiras crónicas vivas e expressivas da sua vida, como companheiros de trabalho, exprimindo a alegria, a nostalgia, a esperança, o amor, o apego à terra, os problemas existenciais bem como a própria natureza. É assim, que vamos encontrar muitos géneros vocais e instrumentais comuns a várias ilhas; outros próprios de uma só ilha, de duas ilhas vizinhas ou mesmo distantes; quase todos eles monódicos, às vezes, em uníssono e a solo.

Nas ilhas agrícolas, nomeadamente Santo Antão, São Nicolau. Santiago, Fogo e Brava, onde o homem cuida da terra que lhe dá o pão para o seu sustento, decerto à custa de dificuldades várias, iremos encontrar as cantigas agrícolas umas vezes doloridas outras alegres.
São as dolentes e plácidas Toadas de Aboio (“colá boi”) em que o homem acompanha o boi ligado ao "trapiche" preso ao seu destino. São melodias verdadeiramente plangentes e profundas, muitas vezes em gama pentatónica, em Santo Antão e na Brava. Nesta última o canto não está ligado ao "trapiche" mas sim às épocas de “monda” e tomam o nome de Bombena.
No livro Cantigas de Trabalho, Osvaldo Osório escreve: "Este canto é usado mais precisamente na altura da plantação da batata-doce". E acrescenta: "[...] estas cantigas normalmente nostálgicas e cujos motivos são a saudade e o amor, a despedida para a terra longe, chegam a ser uma forma de emulação no trabalho".

São também as cantigas ligadas aos sementeiros ou Cantigas de Monda que se dividem em cantigas de guarda de pardal (ou ’enxotar o pardal’), de guarda dos corvos e das galinhas-de-mato que se encontram nas ilhas de S. Nicolau, St. Antão, S. Tiago e Fogo.
Às vezes estes cantos têm uma estrutura melódica mais ou menos elaborada, com intervalos não muito grandes e, outras vezes, são verdadeiros cantos recitativos, ou então, frases declamadas com nuances expressivas que hoje, com a falta de chuva, já quase não são cantadas. Para além dessas cantigas de trabalho ligadas à terra, existiam também, embora numa escala reduzida, Cantigas Marítimas que retratavam fielmente a fisionomia do cabo-verdiano; o género de ocupação e a sua dependência e ligação com o mar.

O Funaná é um género musical de Cabo Verde originário da ilha de Santiago com acordeão. Diz-se que a origem do termo "Funaná" vem de um homem que se chamava Funa e tocava gaita (acordeão) e de uma mulher chamada Naná que tocava ferrinho. O "Funaná" nasceu no interior da Ilha de Santiago, na República de Cabo Verde. Antigamente, qualquer que fosse a festa (um casamento, um baptizado, uma festa religiosa era sempre ao som do "Funaná".
De acordo com pesquisas feitas junto de pessoas mais velhas, em algumas localidades do interior de Santiago, o Funaná antigamente era chamado de ’badjo gaita’. O movimento mais lento era chamado de Samba, o Funaná dançava-se quase como o Samba do Brasil.
De Santiago, o Funaná viajou para as outras ilhas onde é muito apreciado. Dança-se aos pares com movimentos do quadril cadenciados, sensuais e vivos. A Morna é uma forma musical de Cabo Verde. Este género musical tem por espinha dorsal a "Sodadi" - Saudade. Tradicionalmente tocada com instrumentos acústicos, a morna reflecte a realidade insular do povo de Cabo Verde, o romantismo intoxicante dos seus trovadores e o amor à terra (ter que partir e querer ficar).

A Tabanka é um género musical e uma manifestação cultural genuíno Cabo-verdiano. Da ilha de Santiago (também existente na ilha do Maio), é um agrupamento muito complexo, provavelmente de origem africana. O ritmo da Tabanca é binário, executado por tambores, cornetins e búzios, estes geralmente em três registos diferentes (grave, médio e agudo) responsáveis pelo ostinato rítmico-melódico, cuja tessitura geralmente é de uma sexta.
A Mazurca é uma dança tradicional de origem polaca, feita por pares formando figuras e desenhos diferentes, em compasso de ¾ e tempo vivo. Característico é o ritmo pontuado, com acento típico no 2º e 3º tempo do compasso. É semelhante com Oberca, que é a variante muito rápida.
Era frequentemente utilizada pelos compositores da Polónia da era romântica, como Chopin, Moniuszko ou Wieniawski. Na Polónia já não se dança a mazurca, mas em Cabo Verde ainda hoje é dançada e tocada em quase todas as ilhas com incidência nas de Santo Antão, São Nicolau e Boavista. No Fogo existe o Rabolo, que é uma variante da Mazurca.
O Batuque, de origem africana, que surge em Cabo Verde provavelmente só na ilha de Santiago (existente também no Brasil, através da ida dos escravos, e nos Açores, na ilha de S. Miguel), é executado num ritmo de tempo binário mas de divisão ternária, marcado pela percussão das ’tchabetas e palmas’, às quais se juntam o canto e a dança.
Diz-se que o Batuque é uma variante do ritmo de “San Jon” . Esta teoria tem a sua razão de ser na medida em que este, inicialmente de ritmo binário, (no Brasil este ritmo manteve-se) isto é, num compasso binário simples de dois por quatro, transformou-se no mesmo ritmo de San Jon que é o compasso composto de seis por oito, pois são compassos correspondentes, cada compasso simples corresponde a um compasso composto e vice-versa.
No “San Jon” o andamento é mais acelerado e a poliritmia é mais complexa. Finaçon é uma melopeia que consiste num encadeamento de provérbios ou assuntos do quotidiano, declamados, com inflexões vocais, no ritmo de batuque, quase sempre improvisados no momento e normalmente cantado por uma mulher. Esses improvisos podem arrastar-se durante horas.
A Valsa, também no ritmo ternário com o primeiro tempo acentuado, é de origem francesa, baseada na galharda provençal que se dançava dando voltas (donde valsa) com o corpo. Os alemães atribuem a sua origem na Allemande (forma musical). Os austríacos, sobretudo os vienenses, cultivaram-na a tal ponto que graças aos compositores Strauss, se tornou numa dança quase nacional.
Em Cabo Verde esta foi muito cultivada pelos músicos e compositores podendo, ainda hoje ouvir-se algumas das valsas antigas ou mesmo feitas pelos músicos actuais.
A Coladeira, no ritmo binário e de andamento mais moderado que o Funaná, segundo alguns cabo-verdianos, apareceu nos anos cinquenta em Cabo Verde.
É tocada e dançada sendo também companheira das noites cabo-verdianas. É chamada, por algumas pessoas mais velhas, de ’Contra-Tempo’, apesar de o termo ’Contra-Tempo’ significar fora de tempo, em que a acentuação cai no tempo fraco.
A Coladeira varia no ritmo, de acordo com influências sofridas, sobretudo das músicas latino-americanas e brasileiras e mais recentemente o Zouk, este último muito apreciado pelos jovens nas discotecas. O Kolá Sana Job é o Jogo dos tambores e dos apitos no dais de São João, ligado ao ritual da fertilidade da terra no solstício de verão. Os pares batem-se cadenciadamente entre si. Dança da Umbigada. Outro género cultivado em Cabo Verde com tendência para o esquecimento, diz respeito à geração infantil.
Aqui encontramos as Cantigas de Roda e as Lenga-Lengas cantadas, ou em forma de jogos rítmicos, com percussão corporal
É verdade que muitos podem dizer, e têm dito, que elas não nos pertencem, porque são portuguesas e/ou de outra cultura. Porém acabaram por se tornar numa "coisa nossa". Foram adoptadas pelos nossos tetravós e bisavós e muitas delas foram recriadas como é o caso de "pirolito qui bate qui bate" à qual se acrescenta uma estrofe em crioulo. Tornaram-se nossas, tal como os instrumentos de corda que utilizamos para tocar a nossa música: o violão, o violino, o cavaquinho, etc., que vieram de fora e que acabaram por ser perfilhados.
CURIOSIDADES
Os instrumentos tradicionais utilizados na música cabo-verdiana dividem-se em cinco grupos:
Idiofones: reco-reco, chocalhos, ferrinho, panos;
Membrafones: tambores, bateria, percussão;
Aerofones: flautas, búzios, instrumentos de sopro;
Cordofones: violino, violão, cavaquinho, cimboa, guitarra portuguesa;
Electrofones: órgão eléctrico, guitarras eléctricas, sintetizadores.

SALETT NOGUEIRA



sábado, 12 de julio de 2008

Marina d'Or o el colmo del mal gusto












Marina d’Or: El colmo del mal gusto, o como destrozar un bonito paisaje.
Marina d'Or es un complejo turístico de masas, implantado en varios lugares del mundo. Pasé allí dos días y tres noches, en este caso en Oropesa del Mar, provincia de Castellón. (Fui a trabajar allí).
Había oído hablar (mal) del sitio, pero la realidad es todavía peor de lo que me habían contado. Es mucho más cutre.
Saliendo del pueblo de Oropesa, pasamos a otra dimensión: un Disneyland gigante. A la entrada hay un "monumento” que da la bienvenida al pobre turista despistado. Se trata de una especie de cuerno de plástico inmenso, de color plateado con toques de colorines chillones. A cada lado de la carretera, bloques de apartamentos –moles- que parecen colmenas; la mayoría vacíos, y eso que estamos en julio, periodo vacacional. Siguiendo por esa vía hay más de esos “monumentos” que son el colmo del mal gusto. El artista debía estar inspirado.
Llego al hotel, y está decorado al estilo de lo que había visto antes: Columnas de tipo egipcio, pintadas con guirnaldas de colores chillones, contrastando con unos cajones en el techo con una reproducción de la Creación del mundo de Leonardo da Vinci, a modo de la Capilla Sextina, pero en cutre, rodeada de otras pinturas barrocas, imitando no sé bien que pintor. El conjunto es para gritar. La guinda en el pastel es un candelabro de plástico.
El balneario, entrevisto desde en hall, está rodeado de columnas gigantes de estilo egipciogrecorromano. Por lo visto es lo que le gusta al “artista”.
Fuera del hotel también hay un jardín, con templos de cartón piedra, esculturas de plástico de colores chillones, una vez más, bancos con cabezas de perro, de tortuga o de pingüino, imitando un poco el estilo de Gaudi; en cutre también.
Por la noche, las calles están iluminadas como si fuera Navidad; En un momento en que hay que economizar la energía, esta gente no se ha enterado.
Me pregunto porque este tipo de sitios de turismo de masas son de tan mal gusto ¿Será que las personas con bajo nivel económico no se merecen otra cosa? Eso es lo que debe pensar esta gente de Marina d’Or, y en particular el “artista” que ideó semejante bodrio. Todo aquí es feo y deprimente.
Mi humilde consejo: No ir.

domingo, 6 de julio de 2008

Pensamento africano



A natureza e a qualidade da nossa relação com o mundo são grandemente tributárias da percepção que temos de nós.


Aminata Traoré
(Socióloga; foi ministra da cultura e do Turismo de Mali)